Acerca dos fenômenos de obsessão, convém acrescentar algumas notas alusivas à dominação magnética, para compreendermos, com mais segurança, as técnicas de influência e possessão dos desencarnados que ainda padecem o fascínio pela matéria densa, junto dos companheiros que usufruem o equipamento fisiológico na experiência terrestre.
Quem assiste aos espetáculos de hipnotismo, nas exibições vulgares, percebe perfeitamente os efeitos do fluido magnético a derramar-se do responsável pela hipnose provocada sobre o campo mental do paciente voluntário que lhe obedece ao comando.
Neutralizada a vontade, o «sujet» assinala, na intimidade do cosmo intracraniano, a invasão da força que lhe subjuga as células nervosas, reduzindo-o à condição de escravo temporário do hipnotizador com quem se afina, a executar-lhe as ordenações, por mais abstrusas e infantis.
Aí vemos, em tese, o processo de que se utilizam os desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente, na cultura do vampirismo.
Justapõem-se à aura das criaturas que lhes oferecem passividade e, sugando-lhes as energias, senhoreiam-lhes as zonas motoras e sensórias, inclusive os centros cerebrais, em que o espírito conserva as suas conquistas de linguagem e sensibilidade, memória e percepção, dominando-as à maneira do artista que controla as teclas de um piano, criando, assim, no instrumento corpóreo dos obsessos as doenças-fantasmas de todos os tipos que, em se alongando no tempo, operam a degenerescência dos tecidos orgânicos, estabelecendo o império de moléstias reais, que persistem até à morte.
Nesse quadro de enfermidades imaginárias, com possibilidades virtuais de concretização e manifestação, encontramos todos os sintomas catalogados na patogenia comum, …
da simples neurastenia à loucura complexa e do distúrbio gástrico habitual à raríssima afemia estudada por Broca.
Eis por que, respeitando o concurso médico, através da clínica e da cirurgia, em todas as circunstâncias, é imprescindível nos detenhamos no valor da prece e da conversação evangélica, como recursos psicoterápicos de primeira ordem, no trabalho de desobsessão, em nossas atividades espíritas.
O círculo de oração projeta o impacto de energias balsâmicas e construtivas, sobre perseguidores e perseguidos que se conjugam na provação expiatória, e a incorporação medianímica efetua a transferência das entidades depravadas ou sofredoras, desalojando-as do ambiente ou do corpo de suas vítimas e fixando-as, a prazo curto, na organização fisiopsíquica dos médiuns de boa-vontade para entendimento e acerto de pontos de vista, em favor da recuperação dos enfermos, com a cessação da discórdia, do desequilíbrio e do sofrimento.
Assim sendo, enquanto a medicina terrestre aperfeiçoa os seus métodos de assistência à saúde mento-física da Humanidade, aprimoremos, por nossa vez, os elementos socorristas ao nosso alcance:
– pela oração e pela palavra esclarecedora,
– pela fé e pelo amor,
– pela educação e pela caridade infatigável.
Lembremo-nos de que o Evangelho, por intermédio do Apóstolo Paulo, no versículo 12, do capítulo 6, de sua carta aos Efésios, nos informa com justeza:
— «Não somos constrangidos a guerrear contra a carne ou contra o sangue, mas, sim, contra os poderes das trevas e contra as hostes espirituais da maldade e da ignorância nas regiões celestes.»
Não nos esqueçamos de que a Terra se movimenta em pleno Céu. E todos nós, em nossa carreira evolutiva, nas esferas que lhe constituem a vida, estamos subordinados a indefectíveis leis morais.
Francisco Chico Xavier
INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS – @1955 – Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos – 8ª edição