Em Lucas, capítulo quatro, versículo quatorze, o Mestre procura evidenciar a parabola do semeador, revelando aos discípulos: “O semeador semeia a palavra”. Tira, assim, da letra, o espírito que vivifica, aumentando nos seus seguidores a fé, na força do diálogo, colocando a palavra como semente de Deus na boca dos homens.
Ninguém aprende a falar na dimensão do bem sem a presença do Pai celestial, que se expressa no mundo pelo canal cósmico chamado Jesus Cristo, que deixou para todos nós a maior de todas as heranças: o Evangelho. O herdeiro não deve se fazer esquecido desse tesouro eterno nas suas mãos, principalmente se for dotado da eumatia (facilidade de aprender), pois, a esse é que a vida escolhe e chama para o divino concerto da sinfonia universal, de levar a palavra de Deus a todas as criaturas, para que os outros também compreendam com facilidade a essência dos céus, em um punhado de letras que constitui a Boa Nova do Reino.
Começa a praticar os preceitos do Cristo no convívio com os teus semelhantes, amordaçando o impulso da crítica desprezível que instiga somente o ódio, a vingança e o mal estar. Vê nos teus irmãos de caminho somente o bem que eles possuem, para que esse bem se multiplique. Comenta, se essa é a tua natureza, as qualidades nobres dos teus companheiros, mormente dos inimigos. Esta é uma das modalidades da benevolência, companheira inseparável dos santos.
Quem desconhece a força do diálogo? Nem as crianças. Estamos entrando na era do Espírito, de sorte a valorizarmos as coisas da alma, e começando pelas primeiras notas da argamassa da carne é que vamos tocar a sinfonia espiritual na plenitude do eu. Se a mente é um potencial ainda desconhecido dos homens, a educação desta pode começar de fora para dentro, como seja: se pensarmos coisas más, não as externarmos; se porventura a vigilância falhar na escolha das palavras, nas as repetirmos; se por teimosia da inferioridade vier a repetição, não a escrevermos. O essencial é que o esforço próprio nunca deve deixar de existir. Tenhamos na palavra um animal carecendo ser domesticado a essa disciplina, o Evangelho nos ensinará como deverá ser feita. Começa, que as estrelas de Deus se encarregarão do resto, como tem feito sempre em nosso benefício, desde os primórdios do nosso existir.
E se a tua capacidade espiritual te colocou na faixa da alegria cristã, ela é o lubrificante da palavra mais eficaz que existe. Os sons do verbo, vibrando com a alegria pura, curam, senão melhoram todas as enfermidades que conheces, dando ensejo à solução dos problemas que acicatam os homens e desorientam os corações. O diálogo bem orientado faz com que os seres humanos acreditem na felicidade, despertando em todas as criaturas uma coisa divina que se chama esperança.
Já olhaste a beleza da garganta, da boca, dos dentes, da força que sopra para que os sons se harmonizem? Pois bem, senão, começa hoje mesmo nessa meditação e descobrirás a grandeza da vida que esquematizou o teu corpo. E fala, mas fala consciente, como se o diálogo fosse um jato de luz, a escrever na consciência do irmão que te ouve essas palavras: eu te amo, porque tu e eu somos um, na unidade de Deus e de Jesus Cristo.
O diálogo bem orientado faz com que os seres humanos acreditem na felicidade…
Do livro HORIZONTES DA FALA, de João Nunes Maia, pelo espírito MIRAMEZ