– Introdução ao conhecimento do mundo invisível pelas manifestações espíritas;
– Resumo da Doutrina Espírita;
– Respostas às principais objeções.
«Com a dúvida sobre o futuro e acabrunhado pelo infortúnio e pelos desgostos desta existência, somente na morte vê o homem um termo aos seus padecimentos. Então, nada esperando, considera racional abreviá-la pelo suicídio. É natural que, sem esperança no futuro, o homem sofre e se desespera com as decepções experimentadas. Os abalos violentos que sente repercutem no seu cérebro e são a causa de muitos casos de loucura.
Sem a vida futura a existência terrena se converte para o homem em coisa capital, em objeto exclusivo de suas preocupações, e a ela tudo se subordina. Por isso mesmo quer desfrutar, a qualquer preço, não só todos os bens materiais, como também as honras. Deseja brilhar e elevar-se acima de todos, ofuscar o próximo com o seu luxo e posição. Daí a desordenada ambição que liga aos títulos e a todos os enfeites da vaidade, aos quais chega a sacrificar a própria honra, de vez que nada enxergue além disso.
A certeza da vida futura, com todas as suas consequências, transforma completamente a ordem de suas ideias, fazendo-lhe ver as coisas por outro prisma: é um véu que se ergue e lhe desvenda um horizonte imenso e esplêndido.
Diante da infinidade e da grandeza da vida além da morte, a existência terrena desaparece, como um segundo na contagem dos séculos, como um grão de areia ao lado da montanha. Tudo se torna pequeno e mesquinho e nos admiramos por havermos dado tanta importância às coisas efémeras e infantis. Daí, em meio às vicissitudes da existência, uma calma e uma tranquilidade que constituem uma felicidade, comparados com as desordens e os tormentos a que nos sujeitamos, ao buscarmos nos elevar acima dos outros; daí, também, ante as vicissitudes e as decepções, uma indiferença, que tira quaisquer motivos de desespero, afasta os mais numerosos casos de loucura e remove, automaticamente, a ideia de suicídio.
A certeza do futuro dá ao homem esperança e resignação; a dúvida lhe tira a paciência, porque ele nada espera do presente […]
«As menores causas podem produzir os maiores efeitos. Assim é que da pequenina semente brota a árvore gigantesca; que a queda de um fruto permitiu se descobrisse a lei que rege o equilíbrio dos mundos; que a pata de uma rã revelou a energia galvânica; e que do fenômeno banal das mesas girantes saiu a prova da existência do mundo invisível e, daí, uma doutrina que, em poucos anos, fez a volta ao mundo e poderá regenerá-lo, fazendo-o reconhecer a realidade da vida futura.
«Não ensina o Espiritismo verdades absolutamente novas, pois, conforme o provérbio, nada há de novo debaixo do Sol. Só as verdades eternas são absolutas; as que o Espiritismo proclama estão baseadas nas leis da natureza e, pois, existiram de todo o tempo; seus germes são encontrados em todas as épocas; mas agora se acham mais desenvolvidos por estudos mais completos e observações mais cuidadas. Assim, as verdades ensinadas pelo Espiritismo são mais consequências do que descobertas.
«O Espiritismo nem descobriu, nem inventou os Espíritos; também não descobriu o mundo espiritual, no qual se acreditou em todas as épocas. Mas prova essa existência pelos factos materiais; apresenta-a em sua verdadeira luz; desembaraça-a dos preconceitos e das regras supersticiosas, que geram a dúvida e a incredulidade»
ALLAN KARDEC, O Principiante Espírita, §100-104