1. Objectivos da sessão
2. O Ambiente da sessão
3. Colaboração nos trabalhos e no Ambiente da sessão
1. Objectivos da sessão
O trabalho desenvolvido nas sessões de terça-feira tem como principal objectivo o desenvolvimento das faculdades mediúnicas dos médiuns e o auxilio aos espíritos desencarnados que por um motivo ou outro se encontram retidos no caminho da evolução. Esse auxilio, dependendo da situação em que o espírito se encontre, pode ser um esclarecimento para que desperte para a sua nova realidade, ou uma doutrinação de carácter evangélico que o faça cair em si para que abandone o caminho errático em que se demora.
Após o desencarne muitos espíritos passam por um período de inconsciência que os mantem, por força da afinidade vibratória, perto do plano que abandonaram. No devido tempo todos recebem o auxilio que necessitam, geralmente em casas de socorro no plano espiritual. Algumas dessas casas trabalham em conjunto com casas sediadas no plano físico, como é o caso da nossa associação e de muitas outras. Ninguém fica sem assistência após o desencarne, e são milhões nessa situação. Aqueles que são trazidos até uma casa de socorro no plano físico, são escolhidos em função de determinadas características. Eles são trazidos para serem ajudados mas também para nos ajudar. São ajudados através do contacto com os fluidos existentes no ambiente, através das vibrações emanadas pela corrente mediúnica que se encontra formada e pelos esclarecimentos prestados pelos doutrinadores. Os benefícios para nós também são muitos. Esses espíritos são trazidos até nós por entidades superiores para que todos nós aqui presentes possamos beneficiar do intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual com o objectivo de auxiliar a nossa evolução. Para o médium de incorporação é um meio de educar a sua faculdade. Pela força da experiência vai ajustando o seu aparelho mediúnico e lentamente aprende a controlar o processo, para que futuramente possa ser um elo importante e uma ferramenta eficaz nos trabalhos realizados em cooperação pelos dois planos. Para todos os outros aqui presentes, ou seja, aqueles que não são médiuns de incorporação, quer sejam doutrinadores ou assistentes, é uma oportunidade de conhecer e compreender certos detalhes do mundo espiritual e das condições morais do ser humano. É também uma oportunidade de ajuda ao próximo e a si mesmo, pois se quiser cooperar cada vez melhor com os trabalhos aqui realizados estes serão uma motivação para se trabalhar a si mesmo, ajudando-se e ajudando todos aqueles que aqui chegam em busca de auxilio.
2. O Ambiente da Sessão
Para que os trabalhos desenvolvidos nestas sessões possam beneficiar o melhor possível todos os que deles necessitam é necessário que esteja criado um bom ambiente. Diz-nos Edgard Armond que “Em todos os trabalhos espirituais […] a preparação prévia do ambiente é indispensável porque visa a criação de um campo vibratório magnético adequado, que deve sempre ser selecionado e moralmente elevado, para facilitar a descida e a tarefa dos instrutores, orientadores e protetores do trabalho.”
O ambiente da sessão será bom ou mau de acordo com a contribuição individual de cada um de nós. Todos aqui presentes influenciamos o ambiente geral com o nosso próprio ambiente interno. O todo é a soma das partes. A qualidade do todo é determinada pela qualidade de todas as partes. O ambiente da sessão será tanto melhor quanto melhor contribuir cada um de nós, com a harmonia e o equilíbrio do seu mundo interior para uma atmosfera benéfica.
Como não estamos a realizar sozinhos os trabalhos que se verificam nesta sala a qualidade do ambiente não é só ditada por nós. É fruto da união de esforços entre os dois planos. Grande parte da preparação ocorre ainda antes de entrarmos na sala e o Bom ambiente que nela se sente é fruto do esforço dos nossos irmãos que trabalham no plano espiritual. Durante a sessão eles continuam os trabalhos de harmonização e em alguns casos podem ver-se obrigados a isolar alguns dos participantes para que o trabalho não seja prejudicado. Cabe assim a cada um de nós fazer o possível no seu dia-a-dia para que a cada sessão consiga contribuir um pouco melhor para o sucesso dos trabalhos.
No Livro dos Médiuns (Capítulo XIV, Dos médiuns) Allan Kardek informa que todos somos médiuns em determinado grau e todos somos influenciados e influenciamos o plano espiritual muito mais do que imaginamos. Diz-nos também que “Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. […] Desde que o Espírito é de certo modo atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a mesma intenção, terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer, em um só, o que não pode dar-se sem a concentração. Por outro lado, o Espírito, em chegando a um meio que lhe seja completamente simpático, aí se sentirá mais à vontade. Sabendo que só encontrará amigos, virá mais facilmente e mais disposto a responder. […] Se os pensamentos forem divergentes, resultará daí um choque de ideias desagradável ao Espírito e, por conseguinte, prejudicial à comunicação. […] Os Espíritos muito mais impressionáveis do que os humanos, muito mais fortemente do que estes sofrem, sem dúvida, a influência do meio. Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível.” (Livro dos Médiuns, item 331)
Sobre A Corrente
Diz-nos Edgard Armond : “Chama-se “corrente” ao conjunto de forças magnéticas que se forma em dado local, quando indivíduos de pensamentos e objetivos idênticos se reúnem e vibram em comum, visando a sua realização. Nessa corrente, além da conjugação de forças mentais, estabelece-se o contato entre as auras, casam-se os fluídos, harmonizam-se as vibrações individuais, ligam-se entre si os elementos psíquicos e forma-se uma estrutura espiritual da qual cada componente é um elo vivo, vibrante, operante, integralizador do conjunto. Um pensamento ou sentimento discordante individual, afeta toda a estrutura, dissocia-a, desagrega-a e prejudica o trabalho, assim como o elo quebrado de uma corrente a torna fraca ou imprestável.”
A corrente é muito importante para o bom decorrer do trabalho. Ela é formada de forma a auxiliar os médiuns a recuperar da “carga negativa” a que são sujeitos no contacto com entidades sofredoras em grande desequilíbrio. Através da corrente formada essa carga é diluída por todos libertando o médium em causa e poupando o seu organismo a um enorme esforço individual.
As sessões espirituais são compostas por duas correntes, a corrente mediúnica e a corrente espiritual, que trabalham em harmonia, buscando os mesmos objetivos. À corrente que se estabelece no plano material, corresponde uma outra formada pelas entidades desencarnadas que connosco trabalham e dessa união gera-se uma forte corrente espiritual, de onde todos podem beneficiar.
A marca, a característica de uma corrente perfeita é a serenidade, a calma, a harmonia, a beatitude do ambiente que então se forma; o bem-estar que todos sentem e a qualidade dos benefícios espirituais que todos recebem. Ambiente agitado, tumultuoso, é sinônimo de corrente imperfeita, mutilada, não harmonizada nos dois planos e em correntes dessa espécie não pode haver manifestação de Espíritos de hierarquia elevada, e nada de bom podemos dela receber. Diz-nos Edgard Armond no seu livro “Mediunidade”.
3. Colaboração nos trabalhos e no Ambiente da sessão
Atenção e Concentração
Penso ser importante perceber a diferença entre atenção e concentração se quisermos colaborar na criação e manutenção de um ambiente adequado aos trabalhos que aqui se realizam. A atenção e a concentração dependem da percepção sensorial, que é um ato passivo através do qual a nossa mente recebe impressões do mundo exterior através dos sentidos. A percepção é o primeiro passo no contacto entre o nosso mundo interior e o mundo exterior. Se não estivermos atentos ou concentrados as impressões que recebemos são geralmente vagas e incompletas.
A atenção é uma percepção ativa. Quando atentos, abrimos a nossa mente e dispomos-nos a receber o que nos chega do exterior de nós próprios. Uma real atenção é ausente de resistência, ou seja, ausente de afirmação ou negação do que nos chega através dos sentidos. Apenas recebemos e aceitamos. Encontramos-nos receptivos ao que nos chega do mundo exterior naquele momento, não existe divagação na nossa mente para outros assuntos que não aqueles que estão a impressionar os nossos sentidos.
A concentração é a mobilização da nossa atenção para algum objecto ou situação. É a capacidade de nos focarmos somente naquilo que é relevante em dado momento de entre tudo o que nos chega do mundo externo.
Resumindo há situações em que estamos tão concentrados em algo que estamos desatentos de tudo o mais que nos rodeia, também podemos estar atentos ao que nos rodeia sem nos concentrarmos em nada em particular, ou seja, recebemos tudo o que nos chega sem concentrar a nossa atenção.
A importância de perceber a diferença entre atenção e concentração prende-se com a gestão que cada um deve fazer do seu cansaço psíquico para melhor colaborar para um ambiente benéfico. O ideal seria que nos mantivéssemos concentrados durante toda a sessão, mas a concentração requer esforço mental e dependendo da capacidade de concentração de cada um pode ser mais ou menos difícil mantê-la por longo tempo. Durante o tempo em que não for possível manter a concentração devemos manter-nos em recolhimento, sem esforço e atentos ao trabalho que se está a realizar. Essa atitude é uma ajuda importante para que os trabalhos se realizem em harmonia e paz na medida em que não os prejudica.
Através da concentração é-nos possível fechar as portas da mente para o mundo físico e abrir as portas ao mundo psíquico, o nosso mundo interno. Esse recolhimento eleva o nosso padrão vibratório proporcionando uma poderosa emanação fluídica que melhora o ambiente, facilita o intercâmbio com os companheiros do plano espiritual e contribui com os recursos que estes necessitam para a realização do trabalho. Através da concentração, é-nos possível alhear do ambiente externo, nossas mentes, em conjunto, se concentradas no propósito que aqui nos une, emitem pensamentos afins estabelecendo-se uma sintonia que delimitará o campo de trabalho com uma corrente uniforme, harmoniosa e segura. Se atingir uma vibração ideal a corrente por nós gerada e mantida unir-se-á à corrente do plano espiritual que é mantida pelos nossos companheiros que operam nesse plano e se esforçam nesse sentido. Se conseguirmos uma sintonia entre as duas correntes elas entrelaçam-se e teremos conseguido formar um campo de trabalho ideal para a realização do trabalho pois estará devidamente protegido. André Luiz avisa-nos sobre a concentração e diz-nos que “O improviso nesta atividade mental, a invigilância, a falta de evangelho, o ociosidade mental e física irão provocar o cansaço psíquico, a inquietação em decorrência da instabilidade de pensamentos, a polivalência de ideias. Por isso é necessário uma constante preparação íntima, conseguida através da prece, de leituras salutares, do cultivo de pensamentos equilibrados, do trabalho no bem e dos cuidados com a saúde física.”
Dificuldades de Concentração
Manter a concentração por um período prolongado é uma atividade mental difícil se não for praticada regularmente. Há medida que a reunião avança o cansaço psíquico vai sendo maior e mais difícil é manter o pensamento centrado no objectivo dos trabalhos. Outros pensamentos começam a ganhar espaço na nossa mente, nomeadamente as situações da nossa vida diária, quer sejam preocupações ou outros interesses do momento. A dada altura estamos distraídos e completamente alheios dos trabalhos que se realizam, e enchemos a atmosfera com outras emissões que poderão constituir autênticos bloqueios vibratórios. Os trabalhadores que ainda conseguem manter a concentração serão então a única sustentação dos trabalhos que ainda decorrem.
A concentração desenvolve-se com o exercício regular. É necessário paciência e perseverança até conseguirmos uma capacidade de concentração adequada. E isso é conseguido através da vontade e do esforço, ou seja, através da disciplina.
No livro “Os Mensageiros” André Luiz relata-nos o esforço que os integrantes de grupos mediúnicos devem realizar. Em conversa com Aniceto este diz-lhe o seguinte : “Duas pessoas sintonizadas mentalmente estarão, evidentemente, com as mentes perfeitamente entrosadas e havendo entre elas harmonia vibratória, se estabelecerá uma ponte magnética vinculando-as. Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. A atitude íntima descuidada ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação tão-só porque estes se entreguem apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão.”
Sobre como obter uma boa concentração
No livro “Intercâmbio Mediúnico” de Divaldo Franco, o Espírito João de Cleófas descreve em traços gerais como conseguir uma boa concentração durante as reuniões :
1. Relaxamento – O relaxamento do corpo físico, que serve para preparar e favorecer a calma, a tranquilidade interior;
2. Abstração – Devemos nos abstrair do mundo exterior, de tudo ao nosso redor;
3. Interiorização – Devemos fazer silêncio interior, abstraindo-nos também dos conteúdos psicológicos (emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc.);
4. Fixar a mente – Para a atenção voltar-se exclusivamente para o objetivo da reunião;
5. Aquietar a mente – o que no caso dos médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá transmitir a comunicação.
Termino com uma mensagem que penso ser de Emmanuel : “A Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um processo natural de autodescobrimento e propiciando condições para a realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.”