A busca pelo Reino de Deus vem esgotando as energias humanas há séculos. Não porque pareça impossível empreender essa tarefa, mas devido ao resultado dessa empreitada. O que acreditávamos ser o correto demonstrou que a Humanidade errou para entender que os esforços do passado em buscar o Reino Divino apenas nos afastaram da essência do amor do Pai para com todos nós.
Em todas as épocas, os homens buscaram Deus nos sacrifícios extremos da carne, na adoração dos bezerros de ouro, na lei mosaíca, nos ensinamentos de Maomé, na idolatria à letra dos fariseus, nas filosofias orientais, no martírio dos cristãos primitivos, na intolerância da Idade Média, na reforma protestante, no Iluminismo, na Codificação Espírita, nos cultos africanos, no advento das diversas correntes das igrejas salvacionistas, enfim, fora de sua consciência.
Apesar dessa busca, a maioria dos seres humanos não se sente plena de Deus, mesmo com toda prática exterior da fé. Isso se deve ao pouco entendimento sobre o que de fato é o reino de Deus.
As inúmeras tentativas que o homem empreendeu para encontrar o reino de Deus fora da consciência resultaram em aberrações injustificáveis, apesar das explicações dos intolerantes de toda a ordem. As perseguições aos cristãos, a intolerância religiosa, as guerras que foram iniciadas sob supostas ordens divinas, nada disso foi capaz de apresentar-nos o referido reino. Com isso, o objetivo de buscá-lo fora de si apenas escravizou o ser humano aos medos e à culpa.
Mas vivemos outros tempos, novas oportunidades para a velha Humanidade que deseja renovar-se em atitudes libertadoras. Já fomos à lua, agora falta-nos mergulhar em nossa consciência e encontrar Deus em nós. Atravessamos distâncias siderais e desenvolvemos teorias fabulosas sobre a Criação. Resta-nos entender a nós mesmos, vencendo o “homem velho” que ainda mora dentro de nós.
Como avançamos na Ciência e na Tecnologia, também podemos avançar nos sentimentos, nas relações humanas, sem preconceitos, sem intolerâncias, sem rivalidades. Se a nossa inteligência foi capaz de nos conduzir até aqui, apesar de tantas decisões moralmente equivocadas e revoltantes, a nossa consciência, livre dos atavismos do passado, vai nos mostrar que Deus sempre esteve e estará dentro de nós, com seu Reino interminável de amor.
Marcos Alencar, da revista “O reformador”, ano 128, nº 2181, dezembro 2010
Aprendi mucho