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{"id":931,"date":"2011-04-30T09:34:21","date_gmt":"2011-04-30T09:34:21","guid":{"rendered":"http:\/\/aela.pt\/?p=931"},"modified":"2011-04-30T09:50:51","modified_gmt":"2011-04-30T09:50:51","slug":"infancia-e-reencarnacao-ii-parte","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/aela.pt\/infancia-e-reencarnacao-ii-parte","title":{"rendered":"Inf\u00e2ncia e Reencarna\u00e7\u00e3o- II Parte"},"content":{"rendered":"

\"\"O objetivo deste artigo \u00e9 levantar a quest\u00e3o das lembran\u00e7as espont\u00e2neas de vidas passadas em crian\u00e7as, sob diferentes pontos de vista cient\u00edficos, com o intuito de fomentar a reflex\u00e3o do leitor individualmente, do grupo familiar e dos grupos de estudos, adeptos de diferentes escolas: materialistas ou espiritualistas. Cabe a cada um fazer suas pr\u00f3prias considera\u00e7\u00f5es e elaborar um conceito a respeito do assunto.
\nEsta quest\u00e3o tem uma import\u00e2ncia muito grande para a Pedagogia Esp\u00edrita, pois ela toca em v\u00e1rios conceitos e objetos de estudo seus, entre eles, as tend\u00eancias inatas da crian\u00e7a, o conceito de crian\u00e7a como esp\u00edrito reencarnante, a interexistencialidade, e a igualdade com singularidade (ver o livro Pedagogia Esp\u00edrita de Dora Incontri).
\nCrian\u00e7as que alegam fragmentos de lembran\u00e7a de uma vida passada s\u00e3o encontradas em muitos pa\u00edses, notadamente naqueles nos quais a cren\u00e7a na reencarna\u00e7\u00e3o \u00e9 forte: os pa\u00edses hindu\u00edstas e budistas do sudeste da \u00c1sia, os povos xiitas do L\u00edbano e Turquia, as tribos da \u00c1frica Ocidental, e as tribos do nordeste da Am\u00e9rica do Norte. Embora mais raro, relatos t\u00eam sido descritos na Europa, EUA e Brasil.
\nV\u00e1rias explica\u00e7\u00f5es t\u00eam sido aventadas com o objetivo de explicar porque as mem\u00f3rias alegadas se desenvolvem, e isto varia desde \u201cum recurso terap\u00eautico\u201d at\u00e9 reencarna\u00e7\u00e3o.
\nCome\u00e7aremos a nossa discuss\u00e3o com os argumentos da psicologia ortodoxa, que descarta a hip\u00f3tese da reencarna\u00e7\u00e3o. \u00c9 importante conhecermos seus argumentos.
\nE. Brody e Erlendur Haraldsson t\u00eam levantado algumas hip\u00f3teses sobre os fatores psicol\u00f3gicos e psicosociais que podem facilitar o desenvolvimento das experi\u00eancias de vidas pr\u00e9vias espont\u00e2neas (EVPE) atrav\u00e9s da fantasia ou como uma compensa\u00e7\u00e3o. Isolamento social, alta sugestibilidade (em culturas com uma larga cren\u00e7a na reencarna\u00e7\u00e3o), uma vida rica em fantasia, tend\u00eancias dissociativas, necessidade de aten\u00e7\u00e3o e problemas relacionados com os pais podem fazer uma crian\u00e7a mais comumente alegar mem\u00f3rias de uma vida pr\u00e9via.
\nSegundo Haraldsson, relativamente pouca aten\u00e7\u00e3o tem sido dada aos fatores psicol\u00f3gicos no desenvolvimento dos casos. A maioria das investiga\u00e7\u00f5es das EVPE tem centrado sua aten\u00e7\u00e3o na tentativa de verificar as afirma\u00e7\u00f5es que a crian\u00e7a faz sobre a sua vida pr\u00e9via. Esta tem sido a praxe na pesquisa de Ian Stevenson. (Ver refer\u00eancias no final do texto).
\nHaraldsson entrevistou trinta crian\u00e7as libanesas pertencentes ao grupo \u00e9tnico druso (19 garotos e 11 meninas), que tinham persistentemente falado de mem\u00f3rias de uma vida passada e 30 crian\u00e7as que serviram de grupo controle, usando testes relevantes e question\u00e1rios. O grupo alvo obteve altos escores de devaneios, necessidade de aten\u00e7\u00e3o e dissocia\u00e7\u00e3o, mas n\u00e3o houve isolamento social e sugestibilidade. Os n\u00edveis de dissocia\u00e7\u00e3o foram bem menores do que nos casos de personalidade m\u00faltipla. Houve alguma evid\u00eancia de sintomas-like da desordem do estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico. Oitenta por cento das crian\u00e7as falaram sobre as circunst\u00e2ncias das mem\u00f3rias da vida passada como causadas por uma morte violenta (na sua maioria acidentes, mas tamb\u00e9m assassinatos).<\/p>\n

Haraldsson elaborou algumas das caracter\u00edsticas do perfil psicol\u00f3gico dessas crian\u00e7as (L\u00edbano e Sri Lanka), entre elas citamos:<\/p>\n

\u2022 Mais devaneios
\n\u2022 Possuem um vocabul\u00e1rio maior
\n\u2022 Obt\u00eam melhores escores nos testes breves de QI
\n\u2022 Melhor mem\u00f3ria recente e desempenho escolar
\n\u2022 Alto escore no Child Behaviour Checklist (um instrumento usado largamente para medir problemas comportamentais)
\n\u2022 S\u00e3o mais argumentativas
\n\u2022 Mais nervosas
\n\u2022 Altamente combativas
\n\u2022 Perfeccionistas
\n\u2022 T\u00edmidas e medrosas
\n\u2022 Mais preocupadas em estarem limpas, asseadas e com tudo em ordem.
\n\u2022 Mais tend\u00eancias dissociativas<\/p>\n

N\u00e3o mostraram maior tend\u00eancia:<\/strong><\/p>\n

\u2022 \u00c0 confabula\u00e7\u00e3o
\n\u2022 \u00c0 sugestibilidade
\n\u2022 A um isolamento social.
\n\u2022 A ter uma estrutura familiar diferente
\n\u2022 A apresentarem conflitos na fam\u00edlia
\n\u2022A terem maior necessidade de aten\u00e7\u00e3o
\n\u2022 A terem mais dist\u00farbios de relacionamento com os pais.<\/p>\n

Al\u00e9m dessas caracter\u00edsticas, as crian\u00e7as que alegam lembran\u00e7as de vidas passadas falam sobre essas experi\u00eancias com a idade entre 2 -5 anos, segundo Antonia Mills e S.J. Lynn, e param de falar sobre estas experi\u00eancias entre 5 e 7 anos.
\nAs hip\u00f3teses das explica\u00e7\u00f5es psicol\u00f3gicas podem ser satisfat\u00f3rias para casos n\u00e3o resolvidos e casos nos quais existe uma pequena correla\u00e7\u00e3o entre as afirma\u00e7\u00f5es sobre vidas passadas e os fatos de uma pessoa identificada que esteja morta. Mas o que acontece com os casos (muitos numerosos) onde existe um alto grau de correla\u00e7\u00e3o e n\u00e3o existe conex\u00e3o entre a fam\u00edlia da crian\u00e7a e a pessoa previamente mencionada?
\nPara sustentar as explica\u00e7\u00f5es psicol\u00f3gicas \u00e9 preciso assumir que esses casos s\u00e3o devidos ao acaso. Mas qual a probabilidade que isto ocorra? Um em 1 bilh\u00e3o? E se v\u00e1rios casos se repetem, j\u00e1 n\u00e3o ter\u00edamos mais um acaso. Al\u00e9m do mais \u00e9 racional usar o acaso para explicar uma intera\u00e7\u00e3o que evidencia uma rela\u00e7\u00e3o causa-efeito? E como explicar a correla\u00e7\u00e3o entre as alega\u00e7\u00f5es afirmadas e a presen\u00e7a de deformidades e marcas de nascen\u00e7a e os ferimentos fatais da pessoa morta? Outra argumenta\u00e7\u00e3o \u00e9 que essas explica\u00e7\u00f5es de maneira alguma excluem a hip\u00f3tese reencarnacionista, pelo contr\u00e1rio a refor\u00e7am, pois se a personalidade pr\u00e9via sofreu um trauma severo (morte violenta), nada mais natural que ela apresente na nova personalidade, achados psicol\u00f3gicos que corroborem essa alega\u00e7\u00e3o.
\nNo pr\u00f3ximo numero, abordaremos as pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Ian Stevensson da Universidade da Virginia nos EUA sobre crian\u00e7as que alegam lembran\u00e7as de vidas passadas e a presen\u00e7a de marcas de nascen\u00e7a e deformidades e discutiremos as propostas da Pedagogia Esp\u00edrita na abordagem dessas crian\u00e7as.<\/p>\n

Relato de caso-1<\/strong><\/p>\n

Um guerreiro reencarnado<\/strong><\/p>\n

Quando Nazih era muito crian\u00e7a, fazia afirma\u00e7\u00f5es espec\u00edficas sobre sua vida passada para v\u00e1rios membros de sua fam\u00edlia. Ele dizia: \u2018Eu n\u00e3o sou pequeno, sou grande. Tenho duas pistolas. Carrego duas granadas de m\u00e3o. Eu sou \u2018\u2018qabadai\u2019\u2019 (uma pessoa forte e corajosa). Eu tenho muitas armas. Meus filhos s\u00e3o jovens e eu preciso v\u00ea-los.\u2019 Para sua m\u00e3e, ele disse: \u2018Minha esposa tem olhos mais bonitos do que os seus.\u2019 Al\u00e9m disso , ele falava de mem\u00f3rias onde ele teria tido um amigo mudo, que vivia na vila de Quaberchamoun, descrevendo uma casa que possu\u00eda, e ter sido baleado por pessoas armadas. Os pais de Nazih n\u00e3o o encorajavam a falar sobre sua vida passada. Com a idade de sete anos eles finalmente concordaram com seus pedidos persistentes e o levaram a Quaberchamoun. Ele os conduziu para uma rua onde eles encontraram uma vi\u00fava e seus filhos. A vida do seu falecido marido, Fuad Khaddage correspondia \u00e0s afirma\u00e7\u00f5es de Nazih. De acordo com a vi\u00fava e o irm\u00e3o de Fuad, Nazih respondeu corretamente \u00e0s perguntas feitas a respeito de Fuad, as quais poucas pessoas ou somente eles sabiam, e ele reconheceu alguns dos pertences de Fuad. Nazih tamb\u00e9m os fez relembrar de eventos que eles experienciaram juntos, tais como uma cole\u00e7\u00e3o de armas de m\u00e3o incomuns que Fuad tinha dado para seu irm\u00e3o. (Haraldsson &Abu-Izzeddin, 2002).<\/p>\n

Relato de caso-2<\/strong><\/p>\n

Um trauma de morte violenta<\/strong><\/p>\n

Nadine falou de uma vida como uma jovem mulher casada, dando seu nome e do seu marido, que a havia estrangulado num iate e a jogado no mar. Ela mostrou \u00e0 sua m\u00e3e como seu marido havia feito isto colocando suas m\u00e3os em volta de sua garganta. Ent\u00e3o sua garganta ficava \u00e0s vezes vermelha e inchada. Nadine falou sobre sua filha Reema, e quanto ela a amava. Algumas vezes ela queria um travesseiro e enrolava-o com uma colcha quando eles sa\u00edam para viajar.
\nEla colocava ent\u00e3o no assento traseiro e dizia a m\u00e3e: Esta \u00e9 a maneira como eu costumava colocar minha filha\u2019. Houve mais afirma\u00e7\u00f5es. De acordo com o pai de Nadine, ela estava com aproximadamente um ano e meio quando a fam\u00edlia pegou um barco pequeno para uma travessia at\u00e9 a ilha. No barco Nadine come\u00e7ou a tremer com medo. Quando seu pai tentou coloc\u00e1-la na \u00e1gua para ensin\u00e1-la a nadar ela estava extremamente assustada, tremendo e balan\u00e7ando seus bra\u00e7os com grande medo. Quando eles voltaram para casa, ela disse para eles: \u2018Eles me mataram no mar.\u2019 Ap\u00f3s esta viagem, ela come\u00e7ou a falar sobre sua filha Reema e sua fam\u00edlia na vida passada. A fam\u00edlia de Nadine obteve a informa\u00e7\u00e3o de um homem que havia afogado sua jovem esposa, mas a maioria das afirma\u00e7\u00f5es de Nadine n\u00e3o se encaixou na hist\u00f3ria da vida dessa mulher. (Haraldsson &Abu-Izzeddin, in press).<\/p>\n

Entenda aqui alguns termos t\u00e9cnicos:<\/strong>
\nDevaneios \u2013 sonhar acordado, tomar ilus\u00f5es por realidade.
\nDissocia\u00e7\u00e3o \u2013 estado patol\u00f3gico de distanciamento da realidade.
\nSugestibilidade \u2013 ser facilmente induz\u00edvel a alguma coisa.
\nPersonalidade m\u00faltipla \u2013 doen\u00e7a psiqui\u00e1trica em que o paciente acredita ser v\u00e1rias pessoas.
\nSintomas-like \u2013 sintomas parecidos com.<\/p>\n

Refer\u00eancias:<\/strong>
\nBrody, E. B. Review of Cases of the Reincarnation Type, Vol. II. Ten cases in Sri Lanka by Ian Stevenson. Journal of Nervous and Mental Disease, 1979; 167: 769\u2013774.
\nHaraldsson, E. Psychological comparison between ordinary children and those who claim previous-life memories. Journal of Scientific Exploration. 1997; 11: 323\u2013335.
\nHaraldsson, E. Children who speak of past-life experiences: Is there a psychological explanation? Psychology and Psychotherapy: Theory, Research and Practice. 2003; 76:55\u201367.
\nIncontri, D. Pedagogia Esp\u00edrita. Um projeto brasileiro e suas ra\u00edzes. Manifesto da Pedagogia Esp\u00edrita 2004: 241-265. Editora Comenius.
\nMills, A., & Lynn, S. J. Past-life experiences. In E. Carden\u02dc a, S. J. Lynn, &S. Krippner (Eds.),Varieties of anomalous experience.Washington, DC: American Psychological Association. 2000; 283\u2013313
\nStevenson, I. Reincarnation and biology. A contribution to the etiology of birthmarks and birth defects. Volumes 1 and 2. Westport, CT: Praeger. 1997a.
\nStevenson, I. Where reincarnation and biology intersect. Westport, CT: Praeger.1997b.
\nStevenson, I. Children who remember previous lives. A question of reincarnation. Revised edition. Jefferson, NC: McFarland. 2001
\nTucker, Jim. Vida antes da Vida- Uma pesquisa cient\u00edfica das lembran\u00e7as que as crian\u00e7as t\u00eam de vidas passadas. Ed. Pensamento. S\u00e3o Paulo.2007.<\/p>\n

Franklin<\/p>\n

Fonte: Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Pedagogia Esp\u00edrita<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O objetivo deste artigo \u00e9 levantar a quest\u00e3o das lembran\u00e7as espont\u00e2neas de vidas passadas em crian\u00e7as, sob diferentes pontos de vista cient\u00edficos, com o intuito de fomentar a reflex\u00e3o do leitor individualmente, do grupo familiar e dos grupos de estudos, adeptos de diferentes escolas: materialistas ou espiritualistas. Cabe a cada um fazer suas pr\u00f3prias considera\u00e7\u00f5es…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/931"}],"collection":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=931"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/931\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":944,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/931\/revisions\/944"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=931"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=931"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=931"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}