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{"id":3357,"date":"2012-08-29T10:49:59","date_gmt":"2012-08-29T10:49:59","guid":{"rendered":"http:\/\/aela.pt\/?p=3357"},"modified":"2012-08-29T10:52:59","modified_gmt":"2012-08-29T10:52:59","slug":"o-suicidio-e-a-loucura","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/aela.pt\/o-suicidio-e-a-loucura","title":{"rendered":"O suic\u00eddio e a loucura"},"content":{"rendered":"

14 \u2013 A calma e a resigna\u00e7\u00e3o adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a f\u00e9 no futuro, d\u00e3o ao Esp\u00edrito uma serenidade que \u00e9 o melhor preservativo da loucura e do suic\u00eddio. Com efeito, a maior parte dos casos de loucura s\u00e3o provocados pelas vicissitudes que o homem n\u00e3o tem for\u00e7as de suportar. Se, portanto, gra\u00e7as \u00e0 maneira por que o Espiritismo o faz encarar as coisas mundanas, ele recebe com indiferen\u00e7a, e at\u00e9 mesmo com alegria, os revezes e as decep\u00e7\u00f5es que em outras circunst\u00e2ncias o levariam\u00a0\u00a0ao desespero, \u00e9 evidente que essa for\u00e7a, que o eleva acima dos acontecimentos, preserva a sua raz\u00e3o dos abalos que o poderiam perturbar.\"\"<\/a><\/p>\n

16 \u2013 A incredulidade, a simples d\u00favida quanto ao futuro, as id\u00e9ias materialistas, em uma palavra, s\u00e3o os maiores incentivadores do suic\u00eddio: elas produzem a frouxid\u00e3o moral. Quando vemos, pois, homens de ci\u00eancia, que se ap\u00f3iam na autoridade do seu saber, esfor\u00e7arem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que eles nada t\u00eam a esperar depois da morte, n\u00e3o o vemos tentando convenc\u00ea-los de que, se s\u00e3o infelizes, o melhor que podem fazer \u00e9 matar-se? Que poderiam dizer para afast\u00e1-los dessa id\u00e9ia? Que compensa\u00e7\u00e3o poder\u00e3o oferecer-lhes? Que esperan\u00e7as poder\u00e3o propor-lhes? Nada al\u00e9m do nada! De onde \u00e9 for\u00e7oso concluir que, se o nada \u00e9 o \u00fanico rem\u00e9dio her\u00f3ico, a \u00fanica perspectiva poss\u00edvel, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.15 \u2013 O mesmo se d\u00e1 com o suic\u00eddio. Se excetuarmos os que se verificam por for\u00e7a da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, \u00e9 certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral \u00e9 sempre o descontentamento. Ora, aquele que est\u00e1 certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paci\u00eancia. Ele s\u00f3 se desespera se n\u00e3o ver um termo para os seus sofrimentos. E o que \u00e9 a vida humana, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 eternidade, sen\u00e3o bem menos que um dia? Mas aquele que n\u00e3o cr\u00ea na eternidade, que pensa tudo acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infort\u00fanio, s\u00f3 v\u00ea na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito l\u00f3gico mesmo, abreviar as suas mis\u00e9rias pelo suic\u00eddio.<\/p>\n

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A propaga\u00e7\u00e3o das id\u00e9ias materialistas \u00e9, portanto, o veneno que inocula em muitos a id\u00e9ia do suic\u00eddio, e os que se fazem seus ap\u00f3stolos assumem uma terr\u00edvel responsabilidade. Com o Espiritismo, a d\u00favida n\u00e3o sendo mais permitida, modifica-se a vis\u00e3o da vida. O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente para al\u00e9m do t\u00famulo, mas em condi\u00e7\u00f5es inteiramente novas. Da\u00ed a paci\u00eancia e a resigna\u00e7\u00e3o, que muito naturalmente afastam a id\u00e9ia do suic\u00eddio. Da\u00ed, numa palavra, a coragem moral.<\/p>\n

17 \u2013 O Espiritismo tem ainda, a esse respeito, outro resultado igualmente positivo, e talvez mais decisivo. Ele nos mostra os pr\u00f3prios suicidas revelando a sua situa\u00e7\u00e3o infeliz, e prova que ningu\u00e9m pode violar impunemente a lei de Deus, que pro\u00edbe ao homem abreviar a sua vida. Entre os suicidas, o sofrimento tempor\u00e1rio, em lugar do eterno, nem por isso \u00e9 menos terr\u00edvel, e sua natureza d\u00e1 o que pensar a quem quer que seja tentado a deixar este mundo antes da ordem de Deus. O esp\u00edrita tem, portanto, para opor \u00e0 id\u00e9ia do suic\u00eddio, muitas raz\u00f5es: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que ser\u00e1 tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contr\u00e1rio ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terr\u00edvel; que se engana ao pensar que, ao se matar, ir\u00e1 mais depressa para o c\u00e9u; que o suic\u00eddio \u00e9 um obst\u00e1culo \u00e0 reuni\u00e3o, no outro mundo, com as pessoas de sua afei\u00e7\u00e3o, que l\u00e1 espera encontrar. De tudo isso resulta que o suic\u00eddio, s\u00f3 lhe oferecendo decep\u00e7\u00f5es, \u00e9 contr\u00e1rio aos seus pr\u00f3prios interesses. Por isso, o n\u00famero de suic\u00eddios que o Espiritismo impede \u00e9 consider\u00e1vel, e podemos concluir que, quando todos forem esp\u00edritas, n\u00e3o haver\u00e1 mais suic\u00eddios conscientes. Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialistas e esp\u00edrita, sob o ponto de vista do suic\u00eddio, vemos que a l\u00f3gica de uma conduz a ele, enquanto a l\u00f3gica de outra o evita, o que \u00e9 confirmado pela experi\u00eancia.<\/p>\n

O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec –\u00a0<\/strong><\/em>Cap. V<\/strong><\/em><\/p>\n

Tradu\u00e7\u00e3o de Jos\u00e9 Herculano Pires<\/strong><\/em><\/p>\n

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