<\/a>A B\u00edblia \u00e9 a codifica\u00e7\u00e3o da primeira revela\u00e7\u00e3o crist\u00e3, o c\u00f3digo hebraico em que se fundiram os princ\u00edpios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos antigos. A grande s\u00edntese dos esfor\u00e7os da antig\u00fcidade em dire\u00e7\u00e3o ao esp\u00edrito. N\u00e3o \u00e9 de admirar que se apresente, muitas vezes, assustadora e contradit\u00f3ria, para o homem moderno. O Evangelho \u00e9 a codifica\u00e7\u00e3o da segunda revela\u00e7\u00e3o crist\u00e3, a que brilha no centro da tr\u00edade dessas revela\u00e7\u00f5es, tendo na figura do Cristo, o sol que ilumina as duas outras, que lan\u00e7a a sua luz sobre o passado e o futuro, estabelecendo entre ambos a conex\u00e3o necess\u00e1ria. Mas, assim como, na B\u00edblia, j\u00e1 se anunciava o Evangelho, tamb\u00e9m neste aparecia a predi\u00e7\u00e3o de um novo c\u00f3digo, o do Esp\u00edrito da Verdade, como se v\u00ea em Jo\u00e3o, XVI. E o novo c\u00f3digo surgiu pelas m\u00e3os de Allan Kardec, sob a orienta\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito da Verdade, no momento exato em que o mundo se preparava para entrar numa fase superior do seu desenvolvimento.<\/p>\nHegel, em suas li\u00e7\u00f5es de est\u00e9tica, mostra-nos as cria\u00e7\u00f5es monstruosas da arte oriental, – figuras gigantescas, de duas cabe\u00e7as e muitos bra\u00e7os e pernas, e outras formas diversas, – como a primeira tentativa do Belo para dominar a mat\u00e9ria e conseguir exprimir-se atrav\u00e9s dela. A mat\u00e9ria grosseira resiste \u00e0 for\u00e7a do ideal, desfigurando-o nas suas representa\u00e7\u00f5es. Mas acaba sendo dominada, e ent\u00e3o aparecem no mundo as formas equilibradas e harmoniosas da arte cl\u00e1ssica. Atingido, por\u00e9m, o m\u00e1ximo de equil\u00edbrio poss\u00edvel, o Belo mesmo rompe esse equil\u00edbrio, nas formas rom\u00e2nticas e modernas da arte, procurando superar o seu instrumento material, para melhor e mais livremente se exprimir. Essa grandiosa teoria hegeliana nos parece perfeitamente aplic\u00e1vel ao processo das revela\u00e7\u00f5es crist\u00e3s: das formas incongruentes e aterradoras da B\u00edblia, passamos ao equil\u00edbrio cl\u00e1ssico do Evangelho, e deste \u00e0 liberta\u00e7\u00e3o espiritual de “O Livro dos Esp\u00edritos”.<\/p>\n
Cada fase da evolu\u00e7\u00e3o humana se encerra com uma s\u00edntese conceptual de todas as suas realiza\u00e7\u00f5es. A B\u00edblia \u00e9 a s\u00edntese da antig\u00fcidade, como o Evangelho \u00e9 a s\u00edntese do mundo greco-romano-jud\u00e1ico, e o “O Livro dos Esp\u00edritos” a do mundo moderno. Mas, cada s\u00edntese n\u00e3o traz em si t\u00e3o somente os resultados da evolu\u00e7\u00e3o realizada, porque encerra tamb\u00e9m os germens do futuro. E na s\u00edntese evang\u00e9lica temos de considerar, sobretudo, a presen\u00e7a do Messias, como uma interven\u00e7\u00e3o direta do Alto para a reorienta\u00e7\u00e3o do pensamento terreno. \u00c9 gra\u00e7as a essa interven\u00e7\u00e3o que os princ\u00edpios evang\u00e9licos passam diretamente, sem necessidade de readapta\u00e7\u00f5es ou modifica\u00e7\u00f5es, em sua pureza primitiva, para as p\u00e1ginas deste livro, como as vigas mestras da edifica\u00e7\u00e3o da nova era.<\/p>\n
Cap\u00edtulo da introdu\u00e7\u00e3o redigida por Herculano Pires para o “O Livro dos Esp\u00edritos”, por ocasi\u00e3o da edi\u00e7\u00e3o especial da LAKE, comemorativa do centen\u00e1rio da obra, em 18 de abril de 1957.<\/strong><\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"Introdu\u00e7\u00e3o Por Herculano Pires Com este livro, a 18 de abril de 1857, raiou para o mundo a era esp\u00edrita. Nele se cumpria a promessa evang\u00e9lica do Consolador, do Paracleto ou Esp\u00edrito da Verdade. Dizer isso equivale a afirmar que “O Livro dos Esp\u00edritos”, \u00e9 o c\u00f3digo de uma nova fase da evolu\u00e7\u00e3o humana. E…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[157,46],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2656"}],"collection":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2656"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2656\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2662,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2656\/revisions\/2662"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2656"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2656"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2656"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}