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{"id":2633,"date":"2011-11-18T11:49:23","date_gmt":"2011-11-18T11:49:23","guid":{"rendered":"http:\/\/aela.pt\/?p=2633"},"modified":"2011-11-18T11:52:54","modified_gmt":"2011-11-18T11:52:54","slug":"elefante-branco","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/aela.pt\/elefante-branco","title":{"rendered":"Elefantes brancos"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a>Mateus, 13-44<\/strong><\/p>\n

Em v\u00e1rias passagens Jesus reporta-se ao Reino dos C\u00e9us, ou o Reino de Deus, ou, simplesmente, O Reino.<\/p>\n

S\u00e3o express\u00f5es equivalentes.<\/p>\n

A teologia medieval concebeu que Jesus veio instal\u00e1-lo, o que sugere que a Terra n\u00e3o estava sob a reg\u00eancia divina.<\/p>\n

Permanecia ac\u00e9fala?<\/p>\n

Um tanto estranho, amigo leitor, se considerarmos que Deus \u00e9 o Criador, o Senhor supremo, presen\u00e7a imanente, cujas leis t\u00eam vig\u00eancia em todos os quadrantes do Universo.<\/p>\n

N\u00e3o encontraremos uma s\u00f3 gal\u00e1xia, um s\u00f3 sistema solar, um s\u00f3 planeta, um s\u00f3 recanto, por mais remoto, onde o Todo-Poderoso esteja ausente.<\/p>\n

Ele \u00e9 a consci\u00eancia c\u00f3smica do Universo. Permanece em tudo e em todos. Estamos mergulhados nas b\u00ean\u00e7\u00e3os divinas, como peixes no oceano.<\/p>\n

***<\/p>\n

Se nascemos no Brasil, se aqui vivemos, legalmente somos cidad\u00e3os brasileiros.<\/p>\n

Mas, sob o ponto de vista moral, essa cidadania s\u00f3 ser\u00e1 legitimada pelo empenho em cumprir as leis do pa\u00eds, o que implica na observ\u00e2ncia de nossos deveres perante a comunidade, zelando por seu equil\u00edbrio e bem-estar.<\/p>\n

Algo semelhante acontece com o Reino.<\/p>\n

Se h\u00e1 um Reino Universal regido por Deus, somos todos seus s\u00faditos.<\/p>\n

N\u00e3o obstante, isso pouco significa, se n\u00e3o nos preocupamos em cumprir o que o Eterno espera de n\u00f3s.<\/p>\n

Por isso Jesus diz (Lucas, 17:20-21):<\/p>\n

O Reino de Deus n\u00e3o vem com apar\u00eancia vis\u00edvel. Nem dir\u00e3o: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o reino de Deus est\u00e1 dentro de v\u00f3s.<\/p>\n

O problema, ent\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 entrar no Reino. Vivemos nele.<\/p>\n

O problema \u00e9 o Reino entrar em n\u00f3s.<\/p>\n

***<\/p>\n

Em v\u00e1rias par\u00e1bolas Jesus nos diz como alcan\u00e7ar essa realiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

No tempo antigo n\u00e3o havia Bancos para depositar bens amoedados; ent\u00e3o, as pessoas os escondiam em terrenos isolados, de sua propriedade.<\/p>\n

N\u00e3o raro, esses tesouros se perdiam pelo falecimento do propriet\u00e1rio. Quem os encontrasse podia entrar na posse deles, desde que comprasse as respectivas glebas.<\/p>\n

Havia pessoas que se especializavam nessa lucrativa atividade, ca\u00e7adores de tesouros, que ainda hoje povoam o imagin\u00e1rio popular.<\/p>\n

Jesus usa essa imagem para nos contar sugestiva e breve par\u00e1bola.<\/p>\n

O Reino dos C\u00e9us \u00e9 semelhante a um tesouro escondido num campo.<\/p>\n

Um homem o encontra e esconde-o novamente.<\/p>\n

Feliz, vende tudo o que tem e compra aquele campo.<\/p>\n

O Reino seria aquele estado de paz, de tranq\u00fcilidade e alegria, no pleno cumprimento das leis divinas, habilitando-nos a desfrutar as b\u00ean\u00e7\u00e3os de Deus.<\/p>\n

No simbolismo evang\u00e9lico, situa-se como um tesouro oculto em rec\u00f4ndita regi\u00e3o de nossa consci\u00eancia, no solo de nossas cogita\u00e7\u00f5es existenciais.<\/p>\n

Custa caro. Para sua aquisi\u00e7\u00e3o, que equivale \u00e0 posse de n\u00f3s mesmos, imperioso nos desfa\u00e7amos de in\u00fameros bens, entre aspas, porquanto mais atrapalham do que ajudam.<\/p>\n

S\u00e3o elefantes brancos.<\/p>\n

***<\/p>\n

No antigo reino de Si\u00e3o, atual Tail\u00e2ndia, o raro elefante branco era animal sagrado.<\/p>\n

Quando o rei queria punir algu\u00e9m, oferecia-lhe um. O s\u00fadito sentia-se honrado, mas logo percebia tratar-se de um \u201cpresente de grego\u201d.<\/p>\n

Deveria dispensar sofisticados cuidados com o animal. Aliment\u00e1-lo com iguarias caras, colocar-lhe enfeites, ter empregados para cuidar dele\u2026<\/p>\n

Acabava arruinado.<\/p>\n

Algo semelhante ocorre em nossa vida.<\/p>\n

H\u00e1 elefantes brancos em nosso caminho.<\/p>\n

Temos satisfa\u00e7\u00e3o com eles, em princ\u00edpio, mas logo percebemos que nos causam preju\u00edzos imensos.<\/p>\n

Alguns deles:<\/p>\n

\u00a0\u2022 Ambi\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n

Riqueza, poder, destaque social, prest\u00edgio, constituem o anseio de muitos.<\/p>\n

O ambicioso s\u00f3 tem olhos para aquelas realiza\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Toma gosto pelos bens materiais que, sendo apenas parte da vida, convertem-se para ele em finalidade dela.<\/p>\n

Deixa de ser dono de seu dinheiro.<\/p>\n

Situa-se escravo dele.<\/p>\n

Rico materialmente, mendigo de paz.<\/p>\n

Parafraseando Jesus, podemos dizer que \u00e9 mais f\u00e1cil esse elefante branco passar pelo fundo de uma agulha do que seu propriet\u00e1rio entrar no Reino.<\/p>\n

\u00a0\u2022 V\u00edcio<\/strong><\/p>\n

Em princ\u00edpio, oferece o C\u00e9u.<\/p>\n

O fumo tranq\u00fciliza.<\/p>\n

O \u00e1lcool desinibe.<\/p>\n

As drogas produzem euforia.<\/p>\n

Mas \u00e9 c\u00e9u artificial, prec\u00e1rio, que nos leva, invariavelmente, ao inferno da depend\u00eancia.<\/p>\n

Enquanto o usu\u00e1rio est\u00e1 sob seu efeito \u00e9 \u00f3timo.<\/p>\n

Logo, por\u00e9m, o corpo cobra novas doses, submetendo-o a ang\u00fastias e tens\u00f5es terr\u00edveis.<\/p>\n

Assim, oscila entre o c\u00e9u e o inferno.<\/p>\n

Cada vez menos c\u00e9u; cada vez mais inferno, \u00e0 medida que se amplia a depend\u00eancia. E nele se instala de vez, quando retorna ao plano espiritual, antes do tempo, expulso do pr\u00f3prio corpo que destruiu.<\/p>\n

Em terr\u00edvel destrambelho, sofre horrivelmente, em longos e dolorosos est\u00e1gios em regi\u00f5es l\u00fagubres e trevosas, habitadas por companheiros de infort\u00fanio.<\/p>\n

Ao reencarnar, os desajustes provocados em seu corpo espiritual se refletir\u00e3o na nova estrutura f\u00edsica, dando origem a males variados, dolorosos, angustiantes, mas necess\u00e1rios.<\/p>\n

Funcionam como v\u00e1lvulas de escoamento das impurezas de que se impregnou, ao mesmo tempo em que o ajudam a superar entranhados condicionamentos, que fatalmente o induziriam a retomar o v\u00edcio.<\/p>\n

Se o viciado tivesse a m\u00ednima no\u00e7\u00e3o do futuro dantesco que o espera, ficaria horrorizado.<\/p>\n

Haveria de lutar com todas as for\u00e7as de sua alma para livrar-se desse comprometedor elefante branco.<\/p>\n

\u00a0\u2022 Sexo.<\/strong><\/p>\n

D\u00e1diva divina, \u00e9 por interm\u00e9dio dele que entramos na vida terrestre, al\u00e9m de favorecer gratificante momento de intimidade entre o homem e a mulher.<\/p>\n

Entretanto, vivemos tempos perigosos, de liberdade sexual confundida com libertinagem. O sexo deixou de ser parte do amor para transformar-se no amor por inteiro.<\/p>\n

Casais que mal se conhecem falam em \u201cfazer amor\u201d, pretendendo uma comunh\u00e3o sexual sem compromisso, em lament\u00e1vel promiscuidade.<\/p>\n

\u00c9 um tremendo elefante branco!<\/p>\n

Oferece euforia em princ\u00edpio, mas cobra muita inquieta\u00e7\u00e3o depois, e perene insatisfa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Com a troca constante de parceiros e a busca desenfreada de prazer, o indiv\u00edduo cai no desvairo sexual, envolvendo-se em comprometedoras pervers\u00f5es.<\/p>\n

\u00a0\u2022 Paix\u00e3o<\/strong><\/p>\n

Fixado em algu\u00e9m, empolgado pela comunh\u00e3o carnal, o apaixonado estende as ra\u00edzes de sua estabilidade f\u00edsica e ps\u00edquica no objeto de seus desejos e passa a viver em fun\u00e7\u00e3o dele.<\/p>\n

Se a rela\u00e7\u00e3o n\u00e3o d\u00e1 certo e vem o rompimento, \u00e9 uma trag\u00e9dia. Suic\u00eddios, crimes passionais, loucuras variadas, s\u00e3o mera decorr\u00eancia.<\/p>\n

Quando o amor deixa de ser um ato de doa\u00e7\u00e3o, rebaixado ao mero desejo de posse, em que pretendemos que o ser amado submeta-se aos nossos caprichos, transforma-se em voraz elefante branco que nos exaure e desajusta.<\/p>\n

***<\/p>\n

N\u00e3o nos tornaremos santos do dia para a noite, campe\u00f5es do Evangelho, ap\u00f3stolos do Bem, mesmo porque a Natureza n\u00e3o d\u00e1 saltos.<\/p>\n

Consideremos, por\u00e9m, em nosso pr\u00f3prio benef\u00edcio, que \u00e9 preciso avaliar se n\u00e3o estamos sustentando insaci\u00e1veis elefantes brancos, que nos empobrecem.<\/p>\n

Com eles fica imposs\u00edvel o cultivo de aspira\u00e7\u00f5es superiores, no solo sagrado do cora\u00e7\u00e3o, para a conquista do almejado tesouro divino.<\/p>\n

\u00a0Richard Simonetti<\/strong><\/p>\n

Livro Hist\u00f3rias que Trazem Felicidade<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Mateus, 13-44 Em v\u00e1rias passagens Jesus reporta-se ao Reino dos C\u00e9us, ou o Reino de Deus, ou, simplesmente, O Reino. S\u00e3o express\u00f5es equivalentes. A teologia medieval concebeu que Jesus veio instal\u00e1-lo, o que sugere que a Terra n\u00e3o estava sob a reg\u00eancia divina. Permanecia ac\u00e9fala? Um tanto estranho, amigo leitor, se considerarmos que Deus \u00e9…<\/p>\n","protected":false},"author":11,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2633"}],"collection":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/11"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2633"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2633\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2642,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2633\/revisions\/2642"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2633"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2633"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2633"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}