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{"id":2089,"date":"2011-09-26T10:51:53","date_gmt":"2011-09-26T10:51:53","guid":{"rendered":"http:\/\/aela.pt\/?p=2089"},"modified":"2011-09-26T11:03:35","modified_gmt":"2011-09-26T11:03:35","slug":"o-aspecto-triplo-do-espiritismo-e-o-desenvolvimento-moral-do-espirito","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/aela.pt\/o-aspecto-triplo-do-espiritismo-e-o-desenvolvimento-moral-do-espirito","title":{"rendered":"O Aspecto Triplo do Espiritismo e o Desenvolvimento Moral do Esp\u00edrito"},"content":{"rendered":"

\u201cO Espiritismo \u00e9, ao mesmo tempo, uma ci\u00eancia de observa\u00e7\u00e3o e uma doutrina filos\u00f3fica. Como ci\u00eancia pr\u00e1tica, ele consiste nas rela\u00e7\u00f5es que podemos estabelecer com os Esp\u00edritos; como filosofia, abrange todas as conseq\u00fc\u00eancias morais que decorrem dessas rela\u00e7\u00f5es\u201d. [1]\"\"<\/a><\/p>\n

 <\/p>\n

Estudar com aten\u00e7\u00e3o o Espiritismo, compreender em profundidade a sua constitui\u00e7\u00e3o \u00e9 obriga\u00e7\u00e3o de todo aquele que se diz esp\u00edrita. Como podemos observar no texto em ep\u00edgrafe, o codificador apresentou o Espiritismo, de forma resumida, como contendo em si tr\u00eas aspectos fundamentais: i) o cient\u00edfico, fundado no conceito de ci\u00eancia de observa\u00e7\u00e3o e experimenta\u00e7\u00e3o; ii) o filos\u00f3fico, baseado nas reflex\u00f5es geradas pela observa\u00e7\u00e3o, e nas rela\u00e7\u00f5es entre o objeto observado e o observador; e iii) as consequ\u00eancias morais, fundadas nesta reflex\u00e3o filos\u00f3fica, conduzindo a uma necess\u00e1ria postura \u00e9tica ante a vida como efeito imediato da conscientiza\u00e7\u00e3o produzida pela assimila\u00e7\u00e3o destes conhecimentos.<\/p>\n

 <\/p>\n

Esta estrutura, ligeiramente modificada, \u00e9 muito comum em nosso movimento esp\u00edrita. Aprendemos, assim que entramos em uma sala de aula, seja do ESDE ou uma turma introdut\u00f3ria, conforme a regi\u00e3o e a metodologia adotadas, que o Espiritismo pode ser representado como um tri\u00e2ngulo onde a base \u00e9 a ci\u00eancia e a filosofia e a religi\u00e3o (para n\u00f3s Moral) \u00e9 o cume, o momento de transcend\u00eancia do indiv\u00edduo. Embora eu particularmente n\u00e3o concorde com esta defini\u00e7\u00e3o de Espiritismo como \u2018religi\u00e3o\u2019, este n\u00e3o \u00e9 o nosso objetivo neste artigo. O importante \u00e9 compreender qual a rela\u00e7\u00e3o desta estrutura com o t\u00edtulo do texto, ou seja, com o processo de desenvolvimento moral do ser.<\/p>\n

 <\/p>\n

Como diz\u00edamos, esta representa\u00e7\u00e3o do Espiritismo como um tri\u00e2ngulo de for\u00e7as \u00e9 interessante porque nos leva a concluir que n\u00e3o temos como alcan\u00e7ar a transcend\u00eancia sem a necess\u00e1ria an\u00e1lise reflexiva de nossas vidas e posterior aplica\u00e7\u00e3o pr\u00e1tica dos conceitos e princ\u00edpios morais esp\u00edritas que adotamos como regra de conduta. Esta representa\u00e7\u00e3o pode ser aplicada com muito sucesso no processo de renova\u00e7\u00e3o moral do Esp\u00edrito, encarnado ou desencarnado. Sen\u00e3o, vejamos suas rela\u00e7\u00f5es:<\/p>\n

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1\u00ba) As caracter\u00edsticas principais do aspecto cient\u00edfico s\u00e3o justamente a observa\u00e7\u00e3o e a experimenta\u00e7\u00e3o. Kardec ressalta o valor da observa\u00e7\u00e3o quando diz que<\/p>\n

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\u201c[…] Estudamos para conhecer o estado das individualidades do mundo invis\u00edvel, as rela\u00e7\u00f5es que existem entre elas e n\u00f3s […]. Nessa perspectiva n\u00e3o h\u00e1 nenhum Esp\u00edrito cujo estudo seja in\u00fatil; aprendemos alguma coisa com todos; suas imperfei\u00e7\u00f5es, seus defeitos, sua incapacidade, sua pr\u00f3pria ignor\u00e2ncia s\u00e3o motivos de observa\u00e7\u00e3o que nos iniciam na natureza \u00edntima desse mundo\u201d [2].<\/p>\n

 <\/p>\n

Utilizando o racioc\u00ednio da cita\u00e7\u00e3o acima, o aspecto cient\u00edfico do Espiritismo deve ser utilizado como ferramenta para que possamos observar a estrutura interna de nosso eu. O objetivo \u00e9 realizarmos um verdadeiro levantamento sobre nossa pr\u00f3pria vida, uma cataloga\u00e7\u00e3o de tudo o que for importante. E podemos come\u00e7ar esta observa\u00e7\u00e3o seguindo o exemplo de Santo Agostinho, quando nos estimula a fazer o que ele fazia quando viveu por aqui:<\/p>\n

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\u201c[…] No fim de cada dia interrogava a minha consci\u00eancia, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se n\u00e3o tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ningu\u00e9m teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim, necessitava de reforma\u201d [4].<\/p>\n

 <\/p>\n

\u00c9 desta maneira que o aspecto cient\u00edfico do Espiritismo serve para realizamos a primeira etapa do processo de desenvolvimento moral do ser, pois, somente ap\u00f3s um levantamento cuidadoso e criterioso do que somos \u00e9 que podemos utilizar o segundo aspecto da Doutrina Esp\u00edrita;<\/p>\n

2\u00ba) A segunda etapa neste processo \u00e9 a reflex\u00e3o filos\u00f3fica em torno das observa\u00e7\u00f5es feitas. A Filosofia Esp\u00edrita realiza, nos dizeres de J. Herculano Pires, a interpreta\u00e7\u00e3o da pesquisa efetuada atrav\u00e9s da observa\u00e7\u00e3o e cataloga\u00e7\u00e3o dos m\u00ednimos detalhes referentes aos fen\u00f4menos. As ferramentas imprescind\u00edveis nesta etapa s\u00e3o a raz\u00e3o, o senso cr\u00edtico e uma l\u00f3gica rigorosa. \u00c9 isto o que leva Kardec a dizer que a for\u00e7a do Espiritismo \u201cest\u00e1 na sua filosofia, no apelo que faz \u00e0 raz\u00e3o e ao bom senso\u201d [5].<\/p>\n

\u00c9 este aspecto que ser\u00e1 utilizado para interpretar os dados que coletarmos sobre o nosso mundo interior, sobre n\u00f3s mesmos. Devemos analisar o estado de nossa individualidade, que defeitos possu\u00edmos; quais virtudes, que mundo \u00edntimo criamos para n\u00f3s mesmos; quais os nossos gostos, porque agimos de tal forma e n\u00e3o daquela outra; enfim, porque somos o que somos. Segundo Santo Agostinho<\/p>\n

 <\/p>\n

\u201cO conhecimento de si mesmo \u00e9, portanto a chave do melhoramento individual. Mas, direis, como julgar a si mesmo? N\u00e3o se ter\u00e1 a ilus\u00e3o do amor-pr\u00f3prio, que atenua as faltas e as torna desculp\u00e1veis? O avaro se julga simplesmente econ\u00f4mico e previdente, o orgulhoso se considera t\u00e3o-somente cheio de dignidade. Tudo isso \u00e9 muito certo, mas tendes um meio de controle que n\u00e3o vos pode enganar. Quando estais indecisos quanto ao valor de uma de vossas a\u00e7\u00f5es, perguntais como a qualificar\u00edeis se tivesse sido praticada por outra pessoa. Se a censurardes em outro, ela n\u00e3o poderia ser mais leg\u00edtima para v\u00f3s, porque Deus n\u00e3o usa de duas medidas para a justi\u00e7a. Procurai saber tamb\u00e9m o que pensam os outros e n\u00e3o negligencieis a opini\u00e3o dos vossos inimigos, porque eles n\u00e3o t\u00eam nenhum interesse em disfar\u00e7ar a verdade e realmente Deus os colocou ao vosso lado com um espelho, para vos advertirem com mais franqueza do que um amigo\u201d [4].<\/p>\n

 <\/p>\n

Como podemos ver, a an\u00e1lise cr\u00edtica que tanto estimulamos que seja feita sobre os ditados dos Esp\u00edritos \u00e9 a mesma que deve ser feita sobre n\u00f3s mesmos. A mesma l\u00f3gica rigorosa, o mesmo senso cr\u00edtico e o mesmo bom senso devem ser usados para avaliar o que somos, o que queremos e o porque de n\u00e3o sermos ainda aquilo que almejamos ser.<\/p>\n

 <\/p>\n

3\u00ba) A \u00faltima etapa, a das consequ\u00eancias morais, est\u00e1 representada, como dissemos, na parte de cima do tri\u00e2ngulo. Aqui est\u00e1 estabelecida a Moral Esp\u00edrita, que tem como fundamento o livro terceiro de O Livro dos Esp\u00edritos intitulado Leis Morais. \u00c9 tamb\u00e9m conhecida como a famosa \u201cReligi\u00e3o Esp\u00edrita\u201d. Este aspecto demonstra a finalidade \u00faltima do Espiritismo que \u00e9 o aperfei\u00e7oamento moral e intelectual dos homens. Este \u00e9 o momento em que o Esp\u00edrito transcendendo a si pr\u00f3prio, alcan\u00e7a a plenitude.<\/p>\n

 <\/p>\n

Este momento, como dito no in\u00edcio do artigo, representa o momento de transcend\u00eancia do indiv\u00edduo, pois ap\u00f3s observar e catalogar os dados ele processou a informa\u00e7\u00e3o de forma racional, analisou cada elemento, cada detalhe, cada v\u00edcio, cada qualidade e compreendeu, ao aplicar seu senso cr\u00edtico, o que \u00e9 e o que deseja ser. Muito mais importante ainda \u00e9 compreender que agora ele sabe, e n\u00e3o mais sup\u00f5e que sabe quem \u00e9.<\/p>\n

 <\/p>\n

De forma bastante resumida, quisemos utilizar o aspecto triplo do Espiritismo para demonstrarmos que ele \u00e9 \u00fatil para o aplicarmos ao processo de desenvolvimento moral do Esp\u00edrito, em especial, do encarnado. At\u00e9 porque s\u00f3 assim, atrav\u00e9s deste exerc\u00edcio, estaremos aplicando a f\u00e9 raciocinada preconizada pelo Espiritismo. E s\u00f3 assim, tamb\u00e9m, poderemos nos tornar verdadeiros homens de bem. At\u00e9 porque, segundo Kardec, \u201ca cren\u00e7a no Espiritismo s\u00f3 \u00e9 proveitosa para aquele de quem podemos dizer: ele est\u00e1 melhor hoje do que ontem\u201d [3]. Bom, sabemos que poder\u00edamos dizer muito mais, entretanto, creio que est\u00e3o expostas de forma clara as rela\u00e7\u00f5es e reflex\u00f5es que achamos mais necess\u00e1rias. Cada um pode complementar estas observa\u00e7\u00f5es por si e tentar aperfei\u00e7oar o seu desenvolvimento moral utilizando as reflex\u00f5es expostas como pano de fundo.<\/p>\n

 <\/p>\n

Finalizamos este artigo endossando a opini\u00e3o de Santo Agostinho quando afirma que \u201c[…] Aquele que tem a verdadeira vontade de se melhorar explore, portanto, a sua consci\u00eancia, a fim de arrancar dali as m\u00e1s tend\u00eancias como arranca as ervas daninhas do seu jardim: que fa\u00e7a o balan\u00e7o da sua jornada moral como o negociante o faz dos seus lucros e perdas, e eu vos asseguro que o primeiro ser\u00e1 mais proveitoso que o outro. Se ele puder dizer que a sua jornada foi boa, pode dormir em paz e esperar sem temor o despertar na outra vida\u201d [4].<\/p>\n

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Refer\u00eancias:<\/p>\n

[1] PIRES, Jos\u00e9 Herculano. Introdu\u00e7\u00e3o ao Espiritismo. 1\u00aa Ed, SP \u2013 Ed. Paid\u00e9ia, 2009. P. 69<\/p>\n

[2] ______. Idem, p.148<\/p>\n

[3] ______. Idem, item 38, p. 56<\/p>\n

[4] KARDEC, Allan. O Livro dos Esp\u00edritos. 65\u00aa Ed, SP \u2013 LAKE, 2006. Q. 919-a.<\/p>\n

[5] ______. Idem. Conclus\u00e3o, item VI, p. 345.<\/p>\n

Anderson<\/strong><\/em><\/p>\n

Fonte: http:\/\/analisesespiritas.blogspot.com\/2011\/09\/o-aspecto-triplo-do-espiritismo-e-o.html<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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