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{"id":1944,"date":"2011-08-27T21:32:58","date_gmt":"2011-08-27T21:32:58","guid":{"rendered":"http:\/\/aela.pt\/?p=1944"},"modified":"2011-08-27T21:34:29","modified_gmt":"2011-08-27T21:34:29","slug":"o-carma-no-espiritismo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/aela.pt\/o-carma-no-espiritismo","title":{"rendered":"O Carma no Espiritismo"},"content":{"rendered":"

Por Jos\u00e9 Herculano Pires<\/p>\n

Este termo n\u00e3o deve ser utilizado dentro do Espiritismo, por n\u00e3o se encontrar em nenhuma das Obras de Allan Kardec. A palavra carma foi \u201cintroduzida\u201d recentemente no Espiritismo atrav\u00e9s das chamadas obras subsidi\u00e1rias, ou seja, os livros psicografados \u201cescritos por esp\u00edritos atrav\u00e9s de um m\u00e9dium\u201d, mas n\u00e3o \u00e9 utilizado em nenhum momento nas obras de Kardec. A palavra carma (em s\u00e2nscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na \u00cdndia e por muitas correntes filos\u00f3ficas religiosas, significa em primeira inst\u00e2ncia \u201ca\u00e7\u00e3o\u201d, \u201ctrabalho\u201d ou \u201cefeito\u201d. No sentido secund\u00e1rio, o efeito de uma a\u00e7\u00e3o, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de a\u00e7\u00f5es (vidas) passadas se refletindo no presente.\u00a0\"\"<\/a><\/p>\n

Na concep\u00e7\u00e3o hindu, carma quer dizer \u201cdestino\u201d (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascer\u00e3o atrav\u00e9s de uma mulher br\u00e2mane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos atos foram maus, renascer\u00e3o de uma mulher p\u00e1ria (castas inferiores) e sofrer\u00e3o muitas desgra\u00e7as, acabando como simples escravos. Inclusive uma pessoa nascida numa casta impura (um varredor de ruas, um auxiliar de cremat\u00f3rio, por exemplo) deve permanecer na profiss\u00e3o herdada. Cumprindo o melhor poss\u00edvel e de maneira ordenada a sua fun\u00e7\u00e3o, tornar-se-\u00e1 um perfeito e virtuoso membro da sociedade. Por outro lado, ao interferir nas tarefas de outras pessoas, ele ser\u00e1 culpado de perturbar a ordem sagrada. (…), mesmo a prostituta, que dentro da hierarquia da sociedade est\u00e1 aqu\u00e9m da virtuosa dona de casa, pode participar \u2013 caso cumpra com perfei\u00e7\u00e3o o c\u00f3digo de sua desprez\u00edvel profiss\u00e3o \u2013 do supra-humano e transindividual Poder Sagrado que se manifesta no cosmo. Ela pode at\u00e9 fazer milagres que desconsertam reis e santos. <\/p>\n

Sabemos, por orienta\u00e7\u00e3o dos Esp\u00edritos, que quando reencarnamos n\u00e3o escolhemos um destino e sim um g\u00eanero de prova que cabe a cada um enfrentar ou recuar. Desta forma, n\u00e3o devemos usar a palavra Carma dentro do Espiritismo e sim Causa e Efeito, porque os detalhes dos acontecimentos da vida est\u00e3o na depend\u00eancia das circunst\u00e2ncias que o homem provoca, com os seus atos. Se encararmos o carma como um fim total e irredut\u00edvel, teremos um problema s\u00e9rio quando falamos de exist\u00eancia e sofrimento.<\/p>\n

O carma foi \u201cinventado\u201d pelos arianos, quando estes invadiram a \u00cdndia pelo rio Indo, trazendo consigo sua religiosidade e \u201ccriando\u201d as castas para se diferenciarem dos p\u00e1rias e rebaix\u00e1-los a posi\u00e7\u00f5es subalternas. Se pensarmos no carma como um fim \u00faltimo estagnamos o homem, da mesma forma quando aprovamos ou aceitamos a salva\u00e7\u00e3o apenas pela justifica\u00e7\u00e3o da f\u00e9 ou atrav\u00e9s da predestina\u00e7\u00e3o. O carma na \u00e9poca surgiu para os indianos como uma possibilidade de explicar e entender o mundo, o homem e sua exist\u00eancia. Se realmente existe os deuses ou um Deus bom, por que algumas pessoas nascem g\u00eanios e outras idiotas? Como os deuses julgar\u00e3o em um suposto ju\u00edzo final os homens que n\u00e3o tiveram oportunidade de conhec\u00ea-los? Se Deus \u00e9 onisciente e onipresente, ent\u00e3o n\u00e3o possu\u00edmos livre-arb\u00edtrio, estamos encurralados em uma predestina\u00e7\u00e3o ou carma. Se n\u00e3o utiliza sua onisci\u00eancia n\u00e3o pode ser Deus. Estas s\u00e3o perguntas simples que qualquer senso laico j\u00e1 se fez, ou ainda faz, de sua exist\u00eancia.<\/p>\n

Foram estas e muitas outras perguntas muito mais elaboradas que o sistema carma veio \u201cresolver\u201d ou tentar explicar. Explicar o mal e encontrar o meio de fazer que os homens o aceitem, se n\u00e3o com alegria, pelo menos com paz de esp\u00edrito, t\u00eam sido a tarefa da maior parte das religi\u00f5es. Para os ocidentais a palavra carma n\u00e3o deve ser levada ao p\u00e9 da letra, mas de forma a entender que o indiv\u00edduo passa por situa\u00e7\u00f5es dif\u00edceis e seu futuro \u00e9 de sua responsabilidade. No Brasil poucas correntes filos\u00f3ficas ou religiosas utilizam a palavra carma como os indianos, ou seja, um fim em si mesmo. Os esot\u00e9ricos e os m\u00edsticos, neste ponto, n\u00e3o se enquadram nos pensamentos esot\u00e9ricos e m\u00edsticos judeus, crist\u00e3os ou isl\u00e2micos, apesar de alguns fil\u00f3sofos destes pensamentos aceitarem ou discutirem a possibilidade da reencarna\u00e7\u00e3o. Os pensamentos c\u00e1rmicos est\u00e3o mais pr\u00f3ximos dos ensinos esot\u00e9ricos e m\u00edsticos por seguirem e utilizarem boa parte dos ensinos e da filosofia indiana, como \u00e9 o caso do Shankya, do Vedanta, do Yoga e alguns outros, ou similares como \u00e9 o caso dos pensamentos de Blavatsky que possui grande influ\u00eancia no meio esot\u00e9rico e teos\u00f3fico.<\/p>\n

Fonte: O Verbo e a Carne<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Por Jos\u00e9 Herculano Pires Este termo n\u00e3o deve ser utilizado dentro do Espiritismo, por n\u00e3o se encontrar em nenhuma das Obras de Allan Kardec. A palavra carma foi \u201cintroduzida\u201d recentemente no Espiritismo atrav\u00e9s das chamadas obras subsidi\u00e1rias, ou seja, os livros psicografados \u201cescritos por esp\u00edritos atrav\u00e9s de um m\u00e9dium\u201d, mas n\u00e3o \u00e9 utilizado em nenhum…<\/p>\n","protected":false},"author":11,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[97,98],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1944"}],"collection":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/11"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1944"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1944\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":1949,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1944\/revisions\/1949"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1944"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1944"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1944"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}