<\/a>Quem \u00e9 que, nas horas de sil\u00eancio e recolhimento, nunca interrogou \u00e0 natureza e ao seu pr\u00f3prio cora\u00e7\u00e3o,\u00a0 perguntando-lhes o segredo das coisas, o porqu\u00ea da vida, a raz\u00e3o de ser do universo? Onde est\u00e1 aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o v\u00e9u da morte, saber se Deus \u00e9 uma fic\u00e7\u00e3o ou uma realidade? N\u00e3o seria um ser humano, por mais descuidado que fosse, se n\u00e3o tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas. A dificuldade de os resolver, a incoer\u00eancia e a multiplicidade das teorias que t\u00eam sido feitas, as deplor\u00e1veis conseq\u00fc\u00eancias que decorrem da maior parte dos sistemas j\u00e1 divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o esp\u00edrito humano, os t\u00eam relegado \u00e0 indiferen\u00e7a e ao ceticismo.<\/p>\nPortanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que esclare\u00e7a, da esperan\u00e7a que console, da certeza que o guie e sustente. Mas tem tamb\u00e9m os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz. Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos<\/strong>, e que os sofismas n\u00e3o podem enganar: a voz da raz\u00e3o, a voz da consci\u00eancia.<\/strong><\/p>\nAssim tenho feito. Por muito tempo refleti, meditei sobre os problemas da vida e da morte e com perseveran\u00e7a sondei esses profundos abismos. Dirigi \u00e0 Eterna Sabedoria um ardente apelo e Ela me respondeu, como sempre responde a todos.<\/p>\n
Com o esp\u00edrito animado do amor ao bem, provas evidentes e fatos da observa\u00e7\u00e3o direta vieram confirmar as dedu\u00e7\u00f5es do meu pensamento, oferecer \u00e0s minhas convic\u00e7\u00f5es uma base s\u00f3lida e inabal\u00e1vel. Ap\u00f3s haver duvidado, acreditei, ap\u00f3s haver negado, vi. E a paz, a confian\u00e7a e a for\u00e7a moral desceram em mim<\/strong>. Esses s\u00e3o os bens que, na sinceridade de meu cora\u00e7\u00e3o desejoso de ser \u00fatil aos meus semelhantes, venho oferecer \u00e0queles que sofrem e se desesperam.<\/p>\nJamais a necessidade de luz fez-se sentir de maneira mais imperiosa. Uma imensa transforma\u00e7\u00e3o se opera no seio das sociedades. Ap\u00f3s haver sido submetido, durante uma longa seq\u00fc\u00eancia de s\u00e9culos, aos princ\u00edpios da autoridade, o homem aspira cada vez mais a libertar-se de todo entrave e a dirigir a si pr\u00f3prio. Ao mesmo tempo em que as institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas e sociais se modificam, as cren\u00e7as religiosas e a f\u00e9 nos dogmas se tornam enfraquecidas. \u00c9 ainda uma das conseq\u00fc\u00eancias da liberdade em sua aplica\u00e7\u00e3o \u00e0s coisas do pensamento e da consci\u00eancia. A liberdade, em todos os dom\u00ednios, tende a substituir a coa\u00e7\u00e3o e o autoritarismo e a guiar as na\u00e7\u00f5es para horizontes novos. O direito de alguns torna-se o direito de todos; mas, para que esse direito soberano esteja conforme com a justi\u00e7a e traga seus frutos, \u00e9 preciso que o conhecimento das leis morais venha regulamentar seu exerc\u00edcio. Para que a liberdade seja fecunda, para que ofere\u00e7a \u00e0s a\u00e7\u00f5es humanas uma base certa e dur\u00e1vel, deve ser complementada pela luz, pela\u00a0 sabedoria e pela verdade.<\/strong> A liberdade, para os homens ignorantes e viciosos, n\u00e3o seria como uma arma possante nas m\u00e3os da crian\u00e7a? A arma, nesse caso, freq\u00fcentemente se volta contra aquele que a porta e o fere.<\/p>\n <\/p>\n
L\u00e9on Denis<\/strong>, do livro \u201cO porqu\u00ea da vida\u201d, cap\u00edtulo I<\/strong><\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"Quem \u00e9 que, nas horas de sil\u00eancio e recolhimento, nunca interrogou \u00e0 natureza e ao seu pr\u00f3prio cora\u00e7\u00e3o,\u00a0 perguntando-lhes o segredo das coisas, o porqu\u00ea da vida, a raz\u00e3o de ser do universo? Onde est\u00e1 aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o v\u00e9u da morte, saber se Deus \u00e9 uma fic\u00e7\u00e3o ou uma…<\/p>\n","protected":false},"author":11,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[76,71,77],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1700"}],"collection":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/11"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1700"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1700\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":1708,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1700\/revisions\/1708"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1700"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1700"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1700"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}