\u00a0AS PAR\u00c1BOLAS E A SUA INTERPRETA\u00c7\u00c3O<\/strong><\/p>\n\u00a0Na acep\u00e7\u00e3o geral do termo, par\u00e1bola \u00e9 uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispens\u00e1veis de serem compreendidas. As Par\u00e1bolas dos Evangelhos s\u00e3o alegorias que cont\u00eam preceitos de moral.<\/p>\n
O emprego cont\u00ednuo, que durante o seu minist\u00e9rio Jesus fez das par\u00e1bolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante compara\u00e7\u00f5es do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e com os interesses terrenos. Sugeria, assim, o Mestre, figuras e quadros das ocorr\u00eancias cotidianas, para facilitar mais aos seus disc\u00edpulos, por esse m\u00e9todo comparativo, a compreens\u00e3o das coisas espirituais.<\/p>\n
Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus discursos, a par\u00e1bola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas e das disserta\u00e7\u00f5es do Grande Pregador. Mas os que n\u00e3o buscavam na par\u00e1bola a figura que compara, a alegoria que representa a ideia espiritual, e se prendiam \u00e0 forma, desprezando o fundo, para estes a Doutrina nem sequer aparecia, mas conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.<\/p>\n
Da\u00ed a resposta de Jesus aos disc\u00edpulos que lhe inquiriram a raz\u00e3o de Ele falar por par\u00e1bolas: \u201cPorque a v\u00f3s \u00e9 dado conhecer os mist\u00e9rios do Reino dos C\u00e9us, mas a eles n\u00e3o lhes \u00e9 isso dado. Pois ao que tem, dar-se-lhe-\u00e1 e ter\u00e1 em abund\u00e2ncia; mas ao que n\u00e3o tem; at\u00e9 aquilo que tem ser-lhe-\u00e1 tirado.\u201d<\/em><\/p>\n\u201cPor isso lhes falo por par\u00e1bolas, porque vendo n\u00e3o v\u00eaem; e ouvindo n\u00e3o ouvem, nem entendem. E neles se est\u00e1 cumprindo a profecia de Isa\u00edas, que diz: Certamente ouvireis, e de nenhum modo entendereis. Porque o cora\u00e7\u00e3o deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e eles fecharam os olhos; para n\u00e3o suceder que vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos, entendam no cora\u00e7\u00e3o e se convertam e eu os cure.\u201d<\/em><\/p>\nPelo trecho se observa claramente que os fariseus e a maioria dos judeus, em ouvindo a exposi\u00e7\u00e3o da par\u00e1bola, s\u00f3 viam a figura aleg\u00f3rica que lhes era mostrada, assim como, quem n\u00e3o quebra a noz, s\u00f3 lhe v\u00ea a casca.<\/p>\n
Ao passo que com seus disc\u00edpulos n\u00e3o acontecia \u00e0 mesma coisa; eles viam e ouviam o ensino, o sentido espiritual que permanece para sempre; n\u00e3o se prendiam \u00e0 figura ou a palavra sonora, que se extingue desvanece. De modo que os fariseus ouviam, mas n\u00e3o
\nouviam; viam, mas n\u00e3o viam (*)<\/strong>; porque uma coisa \u00e9 ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo, outra coisa \u00e9 ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Esp\u00edrito.<\/p>\n(*)<\/strong> Em outros termos: ouviam, mas n\u00e3o escutavam; viam, mas n\u00e3o enxergavam.<\/em><\/p>\nA condi\u00e7\u00e3o que Jesus exp\u00f5e, como sendo indispens\u00e1vel \u201cpara nos ser dado e possuirmos em abund\u00e2ncia<\/em>\u201d \u00e9 como diz o texto, de \u201cn\u00f3s termos<\/em>\u201d \u2014 Mas \u201ctermos<\/em>\u201d o qu\u00ea? Certamente algum princ\u00edpio doutrin\u00e1rio unido \u00e0 boa vontade para recebermos a Verdade \u2014 \u201cAquele que tem ser-lhe-\u00e1 dado e ter\u00e1 em abund\u00e2ncia<\/em>.\u201d<\/p>\nE o obst\u00e1culo \u00e0 recep\u00e7\u00e3o da sua Doutrina \u00e9 o indiv\u00edduo \u201cn\u00e3o ter<\/em>\u201d \u2014 n\u00e3o ter a mais ligeira inicia\u00e7\u00e3o espiritual e n\u00e3o ter boa vontade para receber a Nova da Salva\u00e7\u00e3o.<\/p>\nDe modo que a Par\u00e1bola Evang\u00e9lica \u00e9 uma instru\u00e7\u00e3o aleg\u00f3rica, exposta sempre com um fim moral, como um meio f\u00e1cil de fazer compreender uma li\u00e7\u00e3o espiritual, pelo menos, a opini\u00e3o do evangelista Mateus quando diz: \u201cTodas estas coisas falou Jesus ao povo em par\u00e1bolas, e nada lhes falava sem par\u00e1bolas; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em Par\u00e1bolas a minha boca, e publicarei coisas escondidas desde a cria\u00e7\u00e3o<\/em>.\u201d (Mateus, XIII, 34-35<\/strong>).<\/p>\nFinalmente, as Par\u00e1bolas t\u00eam pouca import\u00e2ncia para os que as tomam como foram escritas; demais, o sentido nunca deve ser desnaturado ou transviado, sob pena de prejudicar a Ideia Crist\u00e3. Por exemplo, ao que v\u00ea na par\u00e1bola do \u201cTesouro Escondido<\/strong><\/em>\u201d um meio de enriquecer materialmente, ou na par\u00e1bola do \u201cAdministrador Infiel<\/strong><\/em>\u201d uma li\u00e7\u00e3o de infidelidade, lhe ser\u00e1 prefer\u00edvel fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus neg\u00f3cios materiais.<\/p>\nA intelig\u00eancia dos Evangelhos explica perfeitamente a interpreta\u00e7\u00e3o espiritual que Jesus d\u00e1 aos seus ensinos. Se os Evangelhos fossem um amontoado de alegorias sem significa\u00e7\u00e3o espiritual, nenhum valor teriam.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
PRIMEIRA PARTE \u00a0AS PAR\u00c1BOLAS E A SUA INTERPRETA\u00c7\u00c3O \u00a0Na acep\u00e7\u00e3o geral do termo, par\u00e1bola \u00e9 uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispens\u00e1veis de serem compreendidas. As Par\u00e1bolas dos Evangelhos s\u00e3o alegorias que cont\u00eam preceitos de moral. O emprego cont\u00ednuo, que durante o seu minist\u00e9rio Jesus fez das par\u00e1bolas, tinha por fim esclarecer melhor…<\/p>\n","protected":false},"author":7,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2783"}],"collection":[{"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/7"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2783"}],"version-history":[{"count":4,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2783\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2788,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2783\/revisions\/2788"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2783"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2783"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/aela.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2783"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}